
Tontura (Vertigem ou Labirintite)
Introdução
Tontura é uma condição extremamente comum, sendo experimentada por praticamente todos nós ao longo da vida. Do ponto de vista médico, é um termo muito impreciso que pode significar diversas condições diferentes. Existem sinônimos que são usados no dia a dia como vertigem e labirintite, porém que tem significados diferentes do ponto de vista médico.
O paciente pode se queixar de escurecimento visual, zonzeira na cabeça, sensação de desmaio, percepção que as coisas estão rodando, sentimento de desequilíbrio ou até sintomas de difícil descrição como "cabeça fofa ou vazia".
A avaliação desse sintoma na prática clínica pode caber ao neurologista, otorrinolaringologista ou até mesmo cardiologista. Esses profissionais fazem uma análise completa dos sintomas do paciente com objetivo de descobrir a causa do problema e posteriormente
Avaliação Inicial
O primeiro objetivo de uma consulta médica de paciente com tontura é caracterizar bem o tipo do sintoma que o paciente apresenta: vertigem, tontura de origem cardiovascular ou desequilíbrio. Isso é realizado através de uma minuciosa entrevista clínica associado a um exame dos sistemas neurológico, otorrinolaringológico e cardiológico.
Vertigem ("Labirintite"): E um tipo de tontura caracterizado pela sensação subjetiva de rotação da cabeça ou movimentos oscilatórios: muitas vezes o paciente sente como se estivesse em um barco ou em um brinquedo de parque de diversões. Podem estar associados a náusea, vômitos, dificuldade para andar com desequilíbrio. A origem desse sintoma pode estar na região do labirinto no interior do ouvido (órgão responsável pelo equilíbrio) ou nas suas inúmeras conexões com o cérebro. Dessa forma, existem inúmeras causas de vertigem, desde condições sem gravidade como a popular "labirintite" (neurite vestibular) até doenças com risco de morte como derrames cerebrais graves ou tumores. Como visto, labirintite é um termo popularmente consagrado mas que representa apenas um tipo de tontura, não devendo ser
Tontura de origem cardiovascular: Esses pacientes, por outro lado, se queixam de tontura do tipo escurecimento visual com sensação iminente de desmaio. Pode estar associada a sensação de mal-estar, aceleramento no coração (palpitações), palidez e suor frio. E mais comum ao levantar ou quando o paciente persiste por muito tempo em pé. Essa situação geralmente se deve a uma redução do fluxo de sangue que chega ao cérebro, tendo várias causas geralmente relacionadas a cardiologia (desde pressão baixa, uso de medicações até arritmias cardíacas potencialmente graves).
Desequilíbrio: Nessa situação o paciente apresenta queixa marcada de dificuldade de andar com muita sensação de desequilíbrio, sem relatar muito sintoma de vertigem. Além do labirinto, muitas outras estruturas do sistema nervoso podem estar envolvidas com o equilíbrio como por exemplo os nervos periféricos, a medula espinhal, cerebelo e estruturas profundas do cérebro (núcleos da base). Portanto, existem diversas doenças do sistema nervoso que podem ser responsáveis por desequilíbrio como até mesmo a doença de Parkinson, sendo necessária uma minuciosa avaliação neurológica nesses casos.
Exames Complementares
Exames Complementares
Após uma detalhada avaliação clínica com a história do sintoma do paciente e exame físico, o neurologista pode solicitar alguns exames complementares a depender da suspeita do caso em questão. Pode ser necessário também encaminhar o paciente para avaliação em conjunto com o cardiologista ou o otorrinolaringologista como vimos acima.
Exames laboratoriais. São fundamentais para descartar causas cínicas ou metabólicas de queixas tontura como por exemplo distúrbios da tireoide, deficiências de vitaminas, condições infecciosas, doença renal ou hepática, entre outros.
Exames de neuroimagem (Ressonancia ou Tomografia de cranio): Importantes em muitos casos para realizar uma avaliação da integridade da estrutura do cérebro. Pode ser realizado através de tomografia computadorizada ou ressonância magnética. Geralmente a ressonância é preferida por ser um exame com melhor resolução de imagem, porém alguns pacientes podem não conseguir realizar a mesma por claustrofobia, marcapasso cardíaco ou presença de próteses metálicas no corpo. Podem diagnosticar diversas condições como tumores cerebrais, derrames (AVC), doenças inflamatórias ou infecciosas.
Exames cardiológicos: Em casos selecionados nos quais a tontura pode ter uma origem cardiovascular, o médico pode solicitar exames como ecocardiograma, holter ou tilt-test. O ecocardiograma é um exame indolor que envolve a realização de um ultrassom do coração para avaliar se a sua estrutura está integra. O holter nada mais é do que um eletrocardiograma de 24 horas, sendo que o paciente coloca um equipamento indolor no corpo e leva para casa por um dia com objetivo de monitorizar o ritmo cardíaco e tentar detectar eventuais arritmias. O tilt-test é um exame realizado em uma maca que é modificada de posição com intuito de detectar se o paciente apresenta variações significativas na pressão arterial ou frequência dos batimentos cardíacos.
Exames otorrinolaringológicos: Para pacientes com suspeita de doença relacionada ao labirinto pode haver necessidade de complementar investigação com avaliação otoneurológica, audiometria, entre outros. A avaliação otoneurológica basicamente capta registro das imagens dos olhos do paciente e seus movimentos são obtidos através de uma máscara com câmara de vídeo, essas imagens são enviadas e gravadas por um monitor. A audiometria é um exame que, por meio de estímulos sonoros diversos e da compreensão de palavras emitidas no decorrer de sua realização, avalia a audição e mede quanto a pessoa efetivamente ouve, além de verificar o percentual de detecção da fala. A audiometria serve para identificar problemas auditivos em fase inicial e para acompanhar problemas já existentes, sendo capaz de caracterizar o tipo e a intensidade da perda de audição.
Conforme visto acima, existe um grande número de causas para as tonturas, podendo variar desde condições sem gravidade maior como as labirintites até situações que põem em risco a vida do paciente como derrames cerebrais. Uma avaliação médica completa , algumas vezes de urgência, nessa circunstancia é fundamental para obter um diagnóstico preciso e programar o tratamento.
Confira abaixo algumas causas de tontura de acordo com o tipo clínico apresentado:
Neurológicas: Tumor cerebral, Acidente Vascular Cerebral (AVC ou Derrame), Doenças Inflamatórias (Esclerose Múltipla), Meningites, Doença de Parkinson, Doenças do Cerebelo, Hidrocefalia, Doenças dos Nervos Periféricos (Polineuropatias), Enxaqueca, entre muitas outras condições neurológicas estruturais.
Vestibulares (otorrinolaringológicas): Neurite vestibular ("Labirintite"), Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB), doença de Meniere, entre outras.
Cardiológicas: Hipotensão postural ("Pressão baixa"), arritmias cardíacas, doenças cardíacas estruturais como estenose da válvula aórtica, entre outras
Outras: Medicações, transtornos de humor (ansiedade e depressão), alcoolismo, distúrbios da tireoide, deficiências de vitaminas, condições infecciosas, doença renal ou hepática, entre outros.
Causas
Tratamento
A terapia mais adequada para as tonturas depende fundamentalmente da causa encontrada para justificar os sintomas. Caso o paciente tenha uma doença neurológica, deve ser orientado o tratamento específico (ex. tumor cerebral pode ser submetido a cirurgia para retirada). Se o paciente apresenta condição cardiológica também é definido pelo médico especialista a conduta (ex. medicação específica para arritmia). Caso haja disfunção do labirinto